Um migrante venezuelano ora enquanto espera a interceptação dos agentes da Patrulha de Fronteira dos EUA depois que ele cruzou o Rio Grande para Eagle Pass, Texas
Medida altera uma política de longa data que vetava batidas de fiscalização em locais designados como ‘áreas sensíveis’
Autoridades da agência de Imigração e Fiscalização Aduaneira dos EUA (ICE, em inglês) serão autorizadas a realizar batidas de fiscalização em locais como igrejas e escolas, anunciou o governo de Donald Trump nesta terça-feira, um dia após a posse do republicano. A medida altera uma política de longa data que evitava ações do tipo em locais considerados “‘áreas sensíveis”.
Em comunicado emitido nesta terça, o secretário interino de Segurança Interna, Benjamine Huffman, anunciou o fim de duas diretrizes, dando aos agentes mais autoridade para fiscalizações e acabando com um caminho de regularização para migrantes que buscam entrar nos Estados Unidos.
“Os criminosos não poderão mais se esconder nas escolas e igrejas dos Estados Unidos para evitar a prisão. O governo Trump não vai amarrar as mãos de nossos corajosos agentes da lei e, em vez disso, confia que eles usarão o bom senso”, diz a declaração.
Em 2011, o ICE estabeleceu uma política que impedia os agentes de efetuar prisões em locais sensíveis. Grupos defensores dos direitos dos imigrantes manifestaram seu temor diante da retirada da política, afirmando que isso alimentaria o medo nas comunidades. Como efeito, imigrantes podem tirar seus filhos da escola e muitos ficarão com receio de buscar atendimento médico em hospitais.
A segunda medida anunciada elimina de forma gradual os programas de liberdade condicional que permitiam que determinados imigrantes vivessem e trabalhassem temporariamente nos Estados Unidos enquanto aguardassem audiência no tribunal de imigração, o que pode levar meses ou até anos.
‘Ele não é rei’: Estados entram na Justiça contra decreto de Trump que veta cidadania a filhos de imigrantes irregulares
Partidários do Partido Republicano têm acusado o governo anterior, do ex-presidente Joe Biden, de ter abusado do programa, estendendo a autorização a várias nacionalidades — pessoas de países em crise, como Venezuela, El Salvador e Ucrânia, por exemplo, foram beneficiados com a política nos últimos anos. A declaração não esclarece quais programas serão eliminados, mas diz que as avaliações voltarão a ser feitas caso a caso.
“O governo Biden-Harris abusou do programa de liberdade condicional humanitária para permitir indiscriminadamente que 1,5 milhão de migrantes entrassem em nosso país. Tudo isso foi interrompido no primeiro dia do governo Trump”, disse o texto. “Essa ação fará com que o programa de liberdade condicional humanitária retorne ao seu propósito original de analisar os imigrantes caso a caso.”