O governo contabiliza cerca de 35 votos garantidos. Para ter seu nome aprovado, o atual Advogado-geral da União precisaria de 41 votos
Em meio a intensas articulações políticas envolvendo a sucessão no Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva optou por viajar para a Ásia, ontem, sem indicar um sucessor para a vaga deixada por Luís Roberto Barroso, que antecipou a aposentadoria na semana passada. Como o nome precisa passar por votação no Senado, Lula embarcou deixando com os líderes da base a missão de ampliar os votos a favor do atual advogado-geral da União, Jorge Messias.
Estima-se que Messias tenha, por enquanto, cerca de 35 votos garantidos, número abaixo dos 41 necessários para aprovação. Parte da oposição cogita usar a votação como instrumento de pressão política, para que Lula opte por um nome com maior consenso na Casa, como o do ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que tem no atual presidente, Davi Alcolumbre (União-AP), seu principal cabo eleitoral.
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), garantiu, ontem, que o presidente Lula estaria “convicto” na indicação de Messias para substituir Barroso. “Pelo que eu sinto dele, há uma convicção formada. Entendo que ele não tenha anunciado porque ainda faltam algumas conversas a serem feitas para azeitar as indicações. Ele deve voltar e confirmar a indicação”, afirmou Wagner, em entrevista à CNN.
Wagner comentou que Alcolumbre (União-AP), reuniu-se com Lula na segunda-feira à noite. No encontro, do qual não participou, Wagner disse supor que Alcolumbre teria defendido a indicação de Pacheco. “Não participei (da reunião), mas não tenho dúvidas de que Alcolumbre foi defender o ponto de vista dele, da indicação do ex-presidente do Senado, o nosso amigo Rodrigo Pacheco”, completou.
Lindbergh Farias (RJ), líder do PT na Câmara, ponderou que, embora já tenha feito a escolha, Lula precisa ter certeza dos votos. “claramente, ele [Lula] decidiu conversar mais com o Senado. Eu acho que o presidente tem habilidade suficiente para entender que, no momento em que ele envia a indicação, tem que ser um nome aprovado imediatamente pelo Senado”, disse o petista.
O líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ), afirmou que o momento exige respeito institucional e cautela, independentemente do nome indicado. Segundo ele, o debate deve ir além do perfil individual dos candidatos. O parlamentar prepara um projeto de lei para discutir o modelo de escolha dos ministros do STF.