Padre João Mohana: O Mestre Maranhense que nos Ensinou a Arte de Ser e Relacionar

Prezado Padre Mohana,

É com grande emoção e profunda gratidão que celebramos seu legado, especialmente neste ano de 2025, em que o senhor completaria 100 anos e em que também se marca o trigésimo ano de seu falecimento. Sua presença em nossas vidas, como professor e guia, transformou-nos de maneiras que jamais poderíamos ter imaginado.

Lembro-me claramente do impacto de suas aulas de psicologia. Este texto, inclusive, é uma revisita a uma homenagem que escrevi no encerramento das aulas de Relações Humanas, em dezembro de 1992. Datilografado numa velha máquina, com alguns erros ortográficos da época e hoje numa folha amarelada pelo tempo, ele carrega sentimentos tão vívidos quanto hoje. Não éramos mais tábulas rasas; o senhor nos preparou para ir além, para preparar outros. Nossos ideais, antes obscuros, ganharam clareza e propósito graças à profundidade da psicologia que nos ensinou.

Obrigado, Padre Mohana, por nos mostrar a importância da mudança. Valeu a pena cada aprendizado: condicionar, compreender os tiques, e o mais crucial, saber nos controlar. Ficamos verdadeiramente empolgados ao descobrir, por meio da psicologia, que tínhamos um caráter e, mais fascinante ainda, como nossa personalidade se desenvolvia. Foi o senhor quem nos abriu as portas para Freud, apresentando-nos o consciente, o inconsciente, o id, o ego e o superego, e nos fez entender o impacto das experiências da infância e dos recalques em nossa formação.

Sua visão nos ensinou a ter uma perspectiva holística, a mergulhar nos estudos de Adler, Freud, Skinner e tantos outros, sempre buscando o que era melhor para o nosso desenvolvimento. A cada aula, descobertas novas surgiam, preenchendo lacunas de conhecimento. Com o senhor, aprendemos a conhecer nossos próprios temperamentos e a controlar nossos impulsos, o que nos permitiu dizer, com convicção, que estávamos preparados para a vida.

O Legado de um Educador, Sacerdote e Homem de Letras

Padre João Miguel Mohana, nascido em Bacabal, Maranhão, em 15 de junho de 1925, não foi apenas nosso professor. Ele foi um médico que atendeu ao desejo paterno antes de seguir sua verdadeira vocação, um sacerdote que pregou na Igreja da Sé e em diversos templos, e um escritor prolífico que publicou dezenas de títulos sobre psicologia, religião e sexualidade. Seu talento literário foi reconhecido logo em sua estreia, com o romance “O Outro Caminho” (1952), que lhe rendeu o Prêmio Coelho Neto da Academia Brasileira de Letras. Muitas de suas obras foram traduzidas para o inglês e o espanhol, ampliando seu alcance e impacto. Em 1970, foi eleito membro da Academia Maranhense de Letras (AML), ocupando a cadeira n° 3.

Sua influência se estendeu pelas cidades de Coroatá, Bacabal e Viana, até São Luís, onde concluiu seus estudos. O ano de 2025 é realmente especial, pois marca o centenário de seu nascimento e os trinta anos de seu falecimento em 12 de agosto de 1995. Para celebrar essa figura tão importante para o Maranhão, uma programação extensa está sendo organizada pela Academia Maranhense de Letras, com a colaboração de diversas instituições, como a Secretaria Municipal de Cultura, a Arquidiocese de São Luís e a Universidade Federal do Maranhão.

Entre a medicina e a literatura

Embora tenha se destacado como sacerdote e escritor, Padre João Mohana formou-se inicialmente em Medicina, atendendo ao desejo de seu pai. Foi apenas após a morte de seu progenitor que ele se dedicou à sua verdadeira vocação. Ao longo de sua carreira, Mohana escreveu inúmeras obras em diferentes gêneros, abordando temas como:

  • Oração: “A Oração de Cada Idade”, “Descubra o Valor do Terço”, “Ore com os Grandes Orantes”, “Paz pela Oração”.
  • Psicologia: “Auto-Análise para o Êxito Profissional”, “Padres e Bispos: Auto-Analisados”.
  • Sexualidade: “A Vida Sexual dos Solteiros e Casados”, “Ajustamento Conjugal”, “Casar para Crescer”, “Namoro é Isto”, “Não Basta Amar para Ser Feliz no Casamento”, “Vida Afetiva dos que não Se Casam”.
  • Teatro: “Casulo de Pedra: Teatro”, “Inês e Pedro: Teatro”.
    As comemorações do centenário de Padre João Mohana prometem não apenas honrar sua memória, mas também inspirar novas gerações a seguir seus passos nas áreas de fé, educação e literatura.

Biografia de João Mohana
João Miguel Mohana nasceu Bacabal, no dia 15 de junho de 1925, filho dos imigrantes libaneses Miguel e Anice Mohana, e morreu São Luís, dia 12 de agosto de 1995, ou seja, o ano de 2025 marca também trinta anos do seu falecimento.

João Mohana viveu nas cidades de Coroatá, Bacabal e Viana até o final de sua adolescência, quando mudou para São Luís a fim de iniciar seus estudos secundários. No final da década de 1940, foi estudar Medicina na Universidade Federal da Bahia.
Em 1952 lançou seu primeiro livro, o romance O outro caminho, pelo qual recebeu o prêmio Coelho Neto da Academia Brasileira de Letras. Apesar de ter sido obrigado a seguir medicina, sua grande vocação era o sacerdócio e, em 1955, após a morte do pai, entrou para o Seminário de Viamão, no Rio Grande do Sul, tornando-se padre em 1960. Em 1970, foi eleito membro da Academia Maranhense de Letras, ocupando a cadeira n° 3.

A Sabedoria de um Mestre de Relações Humanas

Padre Mohana, o senhor personificou a liberdade de expressar a verdade, assim como Jesus Cristo. Suas palavras ressoam até hoje em nossos corações e mentes: “Vão, pois, estão todos preparados. Não levem nada, apenas ponham em prática tudo o que vos ensinei. Saibam se relacionar bem com todos, apliquem bem o feedback, não discutam com os irmãos, pois cada vez que ganhamos uma discussão, perdemos uma alma.”

Seu ensinamento sobre as relações humanas foi um presente inestimável, moldando não apenas profissionais, mas seres humanos mais conscientes, empáticos e preparados para os desafios da vida. Sua sabedoria continua a ser um farol em nossas vidas e seu legado inspira novas gerações a seguir seus passos nas áreas de fé, educação e literatura.

TEXTO POR MIM ESCRITO EM 1992 AO PADRE JOÃO MOHANA, MEU MESTRE

Na época , estava nos primeiros momentos de aprendizado, é normal alguns erros de português, escrito em uma velha máquina de datilografar, não havia ainda chegado internet e nem computador. Década de 90

 

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