Alunos fantasmas e os R$ 195 milhões com fraude de escolas de tempo integral em 40 Municípios do Maranhão.

Os auditores do TCE Maranhense visitaram 156 escolas de educação básica em 40 municípios com o objetivo de identificar e avaliar a infraestrutura das escolas de tempo integral nos municípios que declararam possuir parte da sua população estudantil nesta categoria de ensino. O resultado do levantamento mostra que prefeituras maranhenses podem ter recebido R$ 195 milhões além do devido, em razão dos números inflados de matrículas em tempo integral, prestados no Censo de 2022.

O cruzamento das informações relativas ao número de matrículas em tempo integral prestadas quando da aplicação do check list, com as informações fornecidas pelos municípios no Censo Escolar 2022 e com as receitas do FUNDEB repassadas no mesmo exercício, apontou que o número de alunos matriculados em tempo integral informado no Censo Escolar 2022 é superior à quantidade apurada no levantamento in loco.

Segundo levantamento do TCE, São José de Ribamar foi a que recebeu o maior valor. A prefeitura informou ter 20.853 alunos de tempo integral a mais do que o efetivamente encontrado de acordo com o relatório de fiscalização. A gestão do prefeito Dr. Julinho recebeu R$ 169,3 milhões em um ano, quando na realidade deveria ter recebido R$ 136,7 milhões (um ganho de R$ 32,5 milhões).

Em Grajaú, o município recebeu R$ 101 milhões, R$ 14,5 milhões a mais que os R$ 86,5 milhões que realente deveria ter caído na conta da Prefeitura.

O levantamento do TCE aponta que Rosário deveria ter recebido R$ 45.998.384,28 pelos alunos registrados no município, no entanto recebeu R$ 54.122.754,32, uma diferença a mais de R$ 8.124.370,04 pelos alunos que não existem na cidade administrada pelo prefeito Calvet Filho que informou ter 5.348 alunos matriculados em regime de tempo integral.

Em Alto Alegre do Maranhão, a administração da prefeita Nilsilene Liorne deveria ter recebido R$ 26.393.454,72 do Fundeb, entretanto abocanhou R$ 31.906.085,18, uma diferença a mais de R$ 5.512.630,46 pelos 3.527 alunos falsos inseridos como alunos de escola integral.

Em Raposa, foram informados 3.243 alunos a mais, que resultou em repasses significativamente superiores ao devido. O valor que a gestão do prefeito Eudes Barros deveria ter recebido era de R$ 30,1 milhões, porém, o repasse da Educação foi de R$ 35,2 milhões, um acréscimo, portanto, de R$ 5 milhões de forma indevida, quando se considera o número real de alunos que estudam em tempo integral.

De acordo com o art. 43, § 1, inciso I, letras c e i da Lei 14.113/20, a lei do Fundeb, o município recebe um incremento de 30% sobre o valor por aluno, matriculado em tempo integral. Os dados sobre número de alunos considerados nos procedimentos de distribuição dos recursos por intermédio do Fundeb são originários do Censo Escolar (2022) realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep/MEC). Esses dados são utilizados para cálculo dos coeficientes de distribuição dos recursos por meio do Fundeb para o ano seguinte.

O relatório emitido pelo TCE apresenta as seguintes conclusões em relação ao levantamento realizado nas escolas municipais de tempo integral: das escolas informadas como de tempo integral, uma minoria de fato oferece essa modalidade de ensino aos alunos; a infraestrutura física da maioria das escolas visitadas não tem as condições necessárias para receber alunos em tempo integral; a quantidade de matrículas informadas no Censo escolar 2022 como sendo de tempo integral é muito superior à realidade, uma vez que, em alguns municípios que informaram possuir alunos em tempo integral, não existe nenhuma escola com essa modalidade de ensino.

Com fundamento nos resultados da fiscalização, a equipe técnica propõe ao Tribunal de Contas do Estado do Maranhão sugeriu que sejam abertas representações contra os municípios visitados na fiscalização que apresentaram irregularidades.

O Fundo de Desenvolvimento de Educação Básica poderia ter em seus cofres,125 milhões  a mais, se os  recursos não  tivesse sido desviando por prefeituras maranhense, é o que diz o relatório de fiscalização do Tribunal de contas do Estado do Maranhão, que aponta discrepância entre informações prestadas pelos Municípios ao Censo Escolar  do ano passado e realidade de ensino integral na sua localidade. Os dados da pesquisa de 2022 basearam o repasse de valores do fundeb neste ano.

 Grajaú , onde a Prefeitura comandada por Marcelo Arruda (MDB), informou ter 9.506 alunos em tempo integral ao censo escolar do ano passado. Na fiscalização realizada pelo TSE, no entanto foram encontrados 9.300 alunos a menos. A manobra gerou 14.535 714.000 do fundeb a mais para os cofres do município.

Em Rosário, sobre a administração da prefeita caovet Filho republicanos, foram R$ 8.124.370,04 indevidos, foram identificados somente 150 alunos estudando o dia inteiro, quando a prefeitura informou 5.348 estudantes.

A situação se repetiu em Itapecuru- Mirim, do Prefeito Benedito coroba (PSB) e Bernardo do Mearim, comandado por Júnior Xavier (PDT ). Os municípios embolsados R$ 7738. 313,98 e R$ 800. 245,76 de reforma indevida, respectivamente. No primeiro caso, foram 49 51 estudantes de discrepância; no segundo 512 alunos.

Em Raposa, foram informadas 3.243 alunos e tempo integral a mais, fazendo o prefeito Edes Barros (PL) levar 5.068.744,14 adicionais de fundeb sem ter direito.

Já em São Roberto, da Prefeitura Danielly Trabulsi (PTB), foram 1.180,049 repassados integralmente. O agravante é que não foi informada pelo relatório TSE a existência de escolas em tempo integral e de alunos na modalidade naquele município, onde foram informadas a existência de 755 alunos pela prefeitura. O mesmo aconteceu em Itapecuru Mirim onde não foram localizados nenhum dos estudantes relatados pela administração municipal

Outras três dezenas de municípios, como Vitória do Mearim, alto Alegre do Maranhão, Cururupu Cedral e Guimarães, também tiveram discrepância citadas no relatório do TSE maranhense.

A malversação de recursos do Fundeb no Maranhão, não é inédita. Recentemente, a folha de São Paulo relatou o esquema de inserção de matrículas fantasma no ensino de jovens e adultos EJA nos municípios de Santa Quitéria, Amapá do Maranhão e serrano.

Entrevistado por uma emissora de televisão na última semana o Presidente do TCE Maranhão, conselheiro Marcelo Tavares afirmou que durante as fiscalizações “a chance de nós encontrarmos problemas, infelizmente é bastante razoável” . ele prometeu, ainda, uma busca mais ampla sobre as matrículas do EJA e municípios maranhenses. Especialmente nos que foram destacados pela imprensa

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