A ministra da Cultura, Margareth Menezes, recebeu, na noite de terça-feira (5), a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, onde ocorre a 4ª Conferência Nacional de Cultura (4ª CNC). Além de ouvirem os representantes de delegações representantes dos povos originários, as chefes das pastas acompanharam um cortejo pelo prédio e assistiram a um toré – ritual de oração tradicional.
Em encontro reservado com alguns integrantes do grupo, Sonia Guajajara destacou a importância de seu povo apresentar as ideias para atualizar o plano intersetorial de Cultura, que já tinham sido discutidas em um fórum específico. “A partir dessa Conferência, eu e Margareth vamos fazer valer as propostas de vocês”, comentou. A ministra também ressaltou a nova fase para a cultura brasileira. “Viemos de anos em que a cultura foi assassinada, destruída nas políticas públicas e agora esse momento é de retomada”, afirmou.
Margareth Menezes completou a fala reforçando a importância da CNC. “Para mim é um momento muito especial poder abrir essa conferência para acolher as ideias trazidas por delegados de cidades, estados, municípios e manifestações culturais de todo o Brasil”, celebrou. “A falta de uma conferência durante 10 anos dá um prejuízo muito grande porque não tem como continuar as políticas públicas.”
A chefe da Cultura acrescentou que a participação popular é parte fundamental dessa retomada. “Tudo que tenha direcionamento para os povos indígenas nós estamos fazendo conjuntamente com o Ministério e ouvindo essas pessoas, porque a política fica mais aderente quando quem a vive contribui”, argumentou.
Após a conversa, Margareth, Sonia e o grupo caminharam pelo espaço em que acontece a 4ª CNC. Ao final do percurso, os indígenas fizeram um ritual de oração chamado toré. “É um momento em que a gente invoca a força sagrada dos nossos encantados para que eles protejam nosso povo e todos os outros do Brasil. É uma forma de a gente falar que estaremos sempre à disposição deles e cumprindo os desejos de nossos ancestrais”, explicou Junio Xukuru, que veio a conferência como delegado de Pernambuco.
Povos originários na CNC
De acordo com Juliana Xukuru, representante indígena na Comissão Nacional de Incentivo à Cultura (CNIC), fazem parte desta conferência mais de 100 representantes dos povos indígenas, de ao menos 36 diferentes etnias, como Tupinambá, Pankara, Guajajara, Atikum, Kiriri, Xokleng, Krahô, Boé e Xukuru, representantes de diferentes regiões do Brasil. O grupo participa das reuniões e das atividades para reforçar a ideia de que a existência deles é cultura e merece ser devidamente reconhecida.
Na segunda-feira, eles receberam a notícia de que o cacique Merong Kamakã Mongoió, que liderava a comunidade Kamakã, uma das seis etnias dos povos Pataxó Hã Hã Hãe, foi encontrado morto em Brumadinho (MG). Os indígenas presentes na CNC explicaram que, para seu povo, todos os parentes são próximos e o luto é de todos, por isso ele é respeitado enquanto sentirem que é preciso. Por isso, em alguns momentos em que oficialmente estavam marcadas reuniões institucionais da conferência, eles preferiram manter o estado de oração, ou rezo, como chamam.
Em uma fala inspiradora no auditório Master, Daiara Tukano resumiu o sentimento que resume o estado do seu povo: “Ser indígena é ser a continuidade de uma cultura, de uma civilização que resiste a séculos de colonização, racismo e todo tipo de segregação. Respeitamos todas as culturas e queremos ter respeitados nosso território e nossas vidas”.
Realização
A 4ª CNC é realizada pelo MinC e pelo Conselho Nacional de Política Cultural (CNPC), e correalizada pela Organização de Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura no Brasil (OEI). Além disso, conta com apoio da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso Brasil).
O Festival da Cultura, que também integra a programação, é apresentado e patrocinado pelo Banco do Brasil, com realização do MinC e do CNPC, correalização da OEI e apoio da Flacso Brasil.
Por: Ministério da Cultura (MinC)