Está decidido: Felipe Camarão deixará as pastas de vice-governador e secretário para coordenar a campanha de Duarte Junior.

Acabou os murmúrios de que Felipe Camarão estava rompido com Duarte Júnior, coisa da oposição, os dois estão mais unidos do que se pensa, e com eles há o total apoio do governador Carlos Brandão e os  paridos que já firmaram aliança e se comprometeram a quebrar o paradoxo da chamada  Ilha Rebelde que tradicionalmente nem sempre elegem candidatos apoiados pelo Governo do Estado.Como toda regra tem exceção, a história de rebeldia pode tomar outros rumos e a grande massa consciente de fato eleger Duarte Junior Prefeito da capital. Na verdade, para quem acompanha a vida política do Maranhão, São Luís começa perder a sua alma de rebeldia política na década de setenta, com a chegada dos militares no comando do país e com a decretação do Ato Institucional nº 2, em 27 de outubro de 1965, pelo presidente Castelo Branco, no bojo do qual um artigo mandava extinguir todos os partidos políticos existentes no Brasil.Ainda, em cumprimento ao AI-2, o governo militar define por Ato Complementar as regras da reorganização partidária, segundo a qual apenas dois partidos seriam criados: de um lado, o partido governista, Aliança Renovadora Nacional (ARENA) e, de outro, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB).
No Maranhão, a mudança das regras partidárias complica a situação dos políticos. Mas, em função da prática do fisiologismo, a grande maioria da militância política aninha-se na ARENA. Para o MDB, migraram os dotados de formação ideológica ou os refugados.
Por conta dessa corrida em massa para o partido governista, o quadro político conturba-se pela dificuldade de convivência no mesmo grupo de lideranças que se enfrentavam em lados opostos. Como poderia um partido ter vida e se estruturar organicamente com figuras que defendiam causas diferentes e não se toleravam física e politicamente? Não foi fácil colocar no mesmo compartimento partidário José Sarney, Clodomir Millet, Vitorino Freire e Newton Bello, que vinham de renhidos embates eleitorais, quase sempre travados sob os eflúvios do ódio e do rancor.
Mas o caldo estava derramado e do governo militar a ordem era uma só: quem quisesse ser governo, devia esquecer as incompatibilidades pessoais e políticas. Em cumprimento a essa orientação e depois de muita lavagem de roupa suja, sarneístas, vitorinistas e newtistas depuseram momentaneamente as armas e juntaram-se numa convivência nada pacífica, mas como era questão de sobrevivência, acomodaram-se e pagaram pra ver.
Apenas um político do Maranhão, que desejava ser da Arena, ficou de fora: o então prefeito de São Luis, Epitácio Cafeteira, rompido politicamente com o governador José Sarney. O gestor municipal fez de tudo para ingressar no partido governista, mas não conseguiu. Motivo: Sarney montou uma operação de guerra para defenestrá-lo e conseguiu. Para não ficar sem partido, o prefeito foi parar no MDB, sendo recebido, também, com restrições.
O resultado dessa mixórdia partidária veio a lume nas eleições senatorias de 1966, com a disputa do cargo de senador. A luta não se deu entre os candidatos da ARENA e do MDB, mas entre os arenistas Clodomir Millet que venceu apoiado por Sarney, e Eugênio Barros, derrotado, numa sublegenda, apoiado pelo que sobrou do vitorinismo e do newtismo.
Diante desse quadro político  que o maranhão viveu e vez outra ainda vivencia, o vice-governador Felipe Camarão terá de usar boas estratégias para convencer os rebeldes a não se rebelarem contra os leões e assim conseguir com folga eleger seu candidato, será uma batalha árdua, bem parecida com o que aconteceu nos anos 50 e 90 em São Luís, isso prova que os eleitores da Ilha rebelde são bem exigentes e detalhistas na hora do voto, eles não olham apenas para o candidato, analisam primeiro as ações do governo no que tange às políticas públicas, educação, saúde, infraestrutura, entre outras. Também o candidato do governo é analisado, precisa apresentar as melhores propostas, pois o fato de ser revestido de grande apoio não significa garantia de vitória. Diante dessa realidade, Felipe Camarão terá de usar as melhores estratégias para impulsionar o nome de Duarte, convencer sobretudo os profissionais de educação que ainda estão remoendo algumas queixas sobre seu pouco olhar para a categoria, mas isso é outra coisa, com certeza será resolvido.
A decisão do governador Carlos Brandão em liberar Camarão para coordenar a campanha de Duarte, ficou acertada em reunião do grupo governista, nessa segunda-feira, 24, com a presença dos presidentes dos 12 partidos que apoiam o governo e de outras figuras de proa da política maranhense, dentre elas a senadora Eliziane Gama. Nessa reunião ficou determinado que   próximo dia 1º de julho, haverá oficialmente o lançamento da pré-candidatura do deputado federal Duarte Júnior a prefeito de São Luís. Será um megaevento, com estimativa de participação de mil pessoas.
O ponto alto da reunião, que teve falas importantes, foi a definição de que o vice-governador e secretário da Educação, Felipe Camarão, será de fato o coordenador da campanha de Duarte Júnior. Com isso, terá que se afastar das funções de vice e de secretário durante a campanha. Nesse período, a secretaria ficará sob a gestão do subsecretário Anderson Lindoso.
Foi enfatizada na reunião a necessidade da união de todo o grupo na campanha. Duarte foi chamado a atenção para a necessidade de rever situações criadas “no verão passado” e reverter o cenário a seu favor, o que significa uma nova postura diante de líderes partidários, como o deputado estadual Neto Evangelista, por exemplo. Duarte precisaria passar essa confiança, que hoje não tem.
O governador Carlos Brandão também falou e descontraiu bem o ambiente. Diante dos rumores das últimas semanas que envolvem o grupo, disse que o ideal é deixar para brigar depois das eleições. E que agora o momento é de união de todos pela vitória de Duarte. “Vamos deixar para brigar, para romper depois; agora, não”, brincou Brandão, arrancando risos dos presentes.
Na reunião foi discutida também a questão do vice da chapa de Duarte. O PCdoB e o PT têm interesse em indicar o vice. O Partido dos Trabalhadores tem três nomes, e um deles, da advogada Isabelle Passinho, é visto com boas possibilidades de integrar a chapa.

 

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