Enquanto a ativista Anna Jarvis criadora do dia das mães lutava contra a mortalidade infantil, direitos das mulheres, higiene básica e melhorias no saneamento, o mundo capitalista tem apenas o propósito nesse mês de maio em transformar sentimentos em mercadoria, impor seus estereótipos para controlar a vida das mulheres na sociedade. “Ela nunca quis que se tornasse um dia para dar presentes caros e onerosos”. Enfatiza Eva Barros.
O cheiro do capitalismo está relacionado à lógica de consumo e mercadoria, e involuntariamente somos induzidos a nos colocar na engrenagem do consumo material como forma de tradução de desejos e sentimentos. Por esse prisma, o nome mãe que no nascedouro revela doçura e amor foi substituído por Promoções, propagandas, slogans e trilhas sonoras emocionantes, é assim que os amantes desse sistema vomitam o estereotipo do que é maternidade, do que simboliza a mãe na sociedade capitalista.
As genitoras, independente do calendário comemorativo devem ser agraciadas, amadas, respeitadas, diante disso, devemos lembrar sempre que saímos do interior de seus ventres, lugar puro e especial em que jamais voltaremos, e por nos possibilitarem o sopro da vida, arriscam a permanência de suas existências.
No laboratório das peças publicitárias, ser mãe é “deixar de ser você mesma por um tempo para ser muito mais feliz para sempre”, fica cada vez mais clara a função social que cumprimos nessa lógica: a mãe que tudo suporta, tudo supera, heroína e capaz de mover mundos e fundos por suas crias, que são sua responsabilidade, que são motivo para viver, que são a representação do amor em sua forma mais sublime, afinal de contas, mãe é mãe, não é mesmo? Óbvio que se trata de mais um desdobramento machista e patriarcal para que a ordem das coisas permaneça como está.