RECORTES INSPIRATIVOS PARA A PEDAGOGIA DA ALTERNÂNCIA NA  ALDEIA TRURIZINHO,1ºENCONTRO DE 2024

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A experiência escolar do escritor Daniel Munduruku não poderia ter sido pior: obrigado a sair de sua aldeia, na cidade paraense de Maracanã, ele e seus irmãos foram morar em Belém, onde o pai já fazia serviços de carpintaria. Eram tempos de ditadura militar, e para os povos indígenas, naquela época tutelados pelo Estado brasileiro, o paradigma educacional era o da “integração”, eufemismo para uma política de trazer as crianças indígenas para estudar em escolas das cidades, pulverizando as etnias de forma que todos fossem obrigados a se comunicar apenas em português. Daniel lembra que na escola onde estudava ele e outros meninos indígenas eram discriminados, sofriam bullying e muita chacota. Aos poucos, nasceria nele o desejo de não ser indígena. “

Mesmo com a experiência escolar traumática, Daniel decidiu prosseguir os estudos. Convenceu os padres salesianos de que tinha vocação religiosa e conseguiu se formar em Filosofia em Manaus.

Nessa época, Daniel confessa que tentava muito “ser branco”. “Passei uns três anos martelando na minha cabeça essa ideia e quem me salvou foi meu avô Apolinário. Ele viu que eu estava passando por momentos difíceis e, nas férias escolares, passou a nos ensinar de acordo com a tradição, começou a nos ensinar o orgulho de ser indígena”,

Na cidade de Lorena, em São Paulo, Daniel iniciaria sua carreira de professor de Filosofia no Ensino Médio, e ao deparar com os mitos gregos e a pouca aderência dessas histórias junto aos seus alunos, resolveu trazer para suas aulas as histórias contadas por seu avô. lendas e aos mitos de origem do povo munduruku foi muito positiva.

“Hoje, eu escrevo para me manter ‘índio’”, usando de forma irônica o termo pejorativo usado pelos colonizadores, que, dessa forma, buscavam uniformizar a profusão de povos e línguas que viviam por aqui antes da chegada dos portugueses, das doenças, da sociedade de classes e da propriedade privada. E da escola e da palavra escrita.

“Índios”, não! São povos indígenas

Instituto Socioambiental (ISA) -AS três áreas de atuação daquela organização: educação, meio ambiente e cultura.

Sobre a diversidade dos povos indígenas- composta de 263 povos, segundo o IBGE, e mais de 150 línguas diferentes. “

Faz -se necessário que os professores criem nas escolas indígenas um curriculum próprio conforme a cultura, tradições e linguagem. Contexto, tendo como norteador o Referencial Curricular de Educação Indígena (RCEI), publicado em 1999.Antes disso, a Constituição Federal de 1988 havia retirado a tutela do Estado sobre os povos indígenas, e a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), em seu artigo 78, asseguraria aos povos indígenas o direito a uma educação “intercultural e bilíngue”.

Diante desse histórico, faz-se necessário produzir materiais didáticos mais compatíveis com a realidade da vida na aldeia, com os valores e a estética de cada povo. Não bom levarmos tudos pronto, o ideal e construirmos juntos, mesmo sendo desafiador, massa com certeza o resultado será positivo, daí podemos dizer que teremos uma educação com o rosto dos povos tradicionais.

A chegada da escola na aldeia indígena não acontece sem traumas. “O conhecimento entre os povos indígenas está centrado numa tradição oral, e essa é uma forma de passar o conhecimento que tem a ver com experiência. A experiência tem a ver com longevidade. Então, é como se diz nas aldeias: ‘a criança é quem tudo pode, mas o mais velho é quem tudo sabe’.

A busca ao conhecimento nas aldeias, adquire-se em primeiro lugar ouvindo os reatos dos mais velhos, esses  são vistos como bibliotecas ambulantes, só que, a escola inaugura uma outra forma de adquirir conhecimento, por meio do livro, de uma carta etc. Ao mesmo tempo a escrita é uma ferramenta para lidar com o mundo de fora, não indígena, para compreender a legislação, por exemplo.

Um bom planejamento de ensino, seja qual for a disciplina só terá sentido e riqueza de conhecimento a partir do diálogo sobre a vida na aldeia. Por meio do diálogo com certeza surgirá a proposta curricular, tendo como elemento norteador as fases da vida. Isso chama-se “Exercício de pensar”.

Ponto de partida para o Curriculum

Quando se é criança na aldeia, o que essa criança faz? Que vida ela tem? Por onde ela anda? Que conhecimentos fazem sentido para essa criança?

E depois, deixa de ser criança, aí vira o quê? O que é importante ele saber dentro da sua cultura, no contato com outros povos? Ele já acompanha o pai para sair na cidade?”

EXEMPLO DE STUDO:

A geografia da aldeia, as histórias do próprio povo, a língua, o modo de contar os números, de como que chamam os peixes, de como se entende o regime das águas, das chuvas, o calendário.

Com essa didática é possível aos poucos e com muita disposição entender, em cada fase da vida o que é importante e quando se deve entrar com o conhecimento de fora, que também é necessário.

VISÃO CÍCLICA E SISTÊMICA

Indagado sobre o novo paradigma da educação escolar indígena, bastante diferente daquele vivido em seus tempos de estudante, Daniel Munduruku é cético. “Esses parâmetros foram escritos por pessoas não indígenas, ou seja, as pessoas imaginam o que seja interculturalidade, imaginam o que seja ser indígena, colocam isso na lei e vira um passe de mágica”

Veja apostila  de filosofia da 1º Alternância de 2024    (a quarta de de 2023)

APOSTILA PARA O ENSINO MÉDIO 2024

https://professorcorreia.com.br/povos-originarios-liderancas-indigenas-estao-reescrevendo-a-historia-que-o-brasil-nao-conhece/

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